quinta-feira, 29 de novembro de 2007
obrigado
Agradeço a meus tios, primos, avós e avôs.
Agradeço ao meus amigos, companheiros de discussão e de batalhas.
Agradeço a República Cazumbá, e a extinta Curva de Rio.
Agradeço a Firma, e ao Baile Todo.
Agradeço aos artistas da vida.
Agradeço ao meu amor, e aos meus amores.
Agradeço a FENEA, e aos amigos dela que estão longe.
Agradeço a meus professores.
Agradeço por estar vivo, por morrer e viver constantemente, mas sobretudo por seguir vivo!
terça-feira, 27 de novembro de 2007
festa do urubu - dos (meus) motivos para ocupar
segue o texto:
OCUPAR VAZIOS E SER FELIZ
Na cidade do capital, o mercado dita o fluxo dos empreendimentos mais simples como um bibelô, até as grandes intervenções e modificações da área urbana. Movido por tendências e rentabilidades, dita também o fluxo diário das nossas vidas. O espaço urbano continua, depois de um século, a funcionar sob o mesmo modelo fabril. O ritmo único do mercado diariamente nos iguala e nos alinha em grandes massas, com o mesmo propósito e os mesmos destinos. Cruzamos cegamente a cidade, rapidos e objetivos pois assim é mais produtivo. Todos se encontram nas principais vias, nas principais horas do dia. A ruas, não nos agüentam, entopem, param, engarrafam. Nós não as agüentamos, corremos para fugir delas, ficamos presos, nos estressamos, xingamos, brigamos, matamos, mas continuamos seguindo o mesmo ritmo único, a rotina única. O ciclo se repete no mesmo ritmo na escala dos dias, meses, anos, em direção ao infinito.
Da casa para o trabalho, do trabalho para o progresso, do progresso para a casa. A cidade do pensamento único vive dos espaços da Moda, os espaços vendáveis, os espaços do conforto e da beleza, o sonho padrão único construído por alguém para todos nós que seguimos o fluxo. O sonho construído nas vitrines, nas revistas, na TV, na novela, em Hollywood, na cidade. A cada curto tempo a moda diz onde e como devemos morar e trabalhar, cria novos bairros, extermina antigos, altera leis e faz decretos. Não interessa à moda os refugos, os trechos incompletos, os vazios pequenos e grandes, espalhados tão aleatoriamente.
O espaços fora da moda são muitos, cada um com uma história, cheios de pormenores e diferença, todos fora do fluxo. Esquecidos, abandonados, não vendidos, demolidos, degradados, endividados, congelados. Esses espaços são frestas, são esperas fora do ritmo massacrante do cotidiano. São barreiras entre bairros abastados e não favorecidos, barreiras que tornam o fluxo diário ainda mais longe, mais dependente de automotores variados, mais engarrafado, mais massacrante.
As sobras são o câncer da cidade contemporânea, são o resto, são a falha, são as bordas, as barreiras, o atraso. As sobras são portais, são respiros, são saídas para além do tempo cotidiano-único, momentos de vida fora do ritmo-único que nos iguala, racionaliza, nos automatiza e mata, lentamente, nosso pensamento livre e capacidade criativa.
Ocupar as sobras é antes de mais nada um respiro, um gole de liberdade, uma visita fora do modelo que estamos imersos. Uma única visita a este espaço altera o olhar, é rica, válida e suficiente para transformar um homem. O resultado é pessoal, e este é um dos objetivos. Uma visita coletiva, seguida de outras e outras pode transformar a cidade, transforma o olhar não só dos que participam, mas é capaz de ganhar outros em volta, costurar o imaginário e o tecido urbano, disperso e mal distribuído, com beleza, alegria e arte.
A ação coletiva, ao se tornar constante, inevitavelmente transfere a borda para dentro do sistema, retirando daquele espaço todas as propriedades iniciais de fuga e liberdade. A fuga é uma experiência pessoal, apenas um dos objetivos. A apropriação do espaço pelo sistema será natural, cuidar da sua entrada no sistema deverá ser outro objetivo de maneira que a borda quando aceita configure um espaço rico, bem aproveitado e de preferência díspar da estética vigente. Esse espaço sempre estará suscetível ao esquecimento novamente, pois é o ritmo do Capital. Porém, a borda transformada em sistema, transforma o sistema
A moda é burra, e passível de ser dominada. Para ser consumida, ela iguala todos no mesmo ritmo-único do vai e vem cotidiano, o ritmo automatiza, a automatização cessa a criatividade. A moda depende da criatividade, mas assassina o pensamento criativo. Provavelmente seja preferível poucas pessoas dizerem ao mundo qual Sonho devem consumir, do que deixar cada um pensar e agir como é melhor para si.
Percorrer os espaços além-borda, viver o tempo além-borda, e atuar na cidade além-borda é uma saída para se fazer um urbanismo coletivo e emergente, para além da vontade do pensamento único. Uma cidade feita da reunião de muitos pequenos, contrariando o fluxo da cidade de poucos grandes.
Quanto maior o número de pequenos, maior a probabilidade de acerto em espaços públicos e privados que acompanhem as reais necessidades humanas em evolução. Esta cidade é extremamente preferível à outra fabricadas por reuniões de marketing que será empurrada posteriormente das mais diversas maneiras aos diferentes públicos-alvo.
Deixemos nós de ser os alvos.
domingo, 25 de novembro de 2007
festa do urubu - 24/11/07
A festa comemorou 11 anos de obra parada da pontilhão que o entao Sr. Prefeito Tidei de Lima, irresponsavelmente deixou de legado para a Cidade Sem Limites! Se estivesse construída hoje, seria o maior pontilhão dentro da cidade, mas popular mente é conhecida por ligar nada a lugar nenhum.
Por causa desta ponte, durante os 11 anos, bauru não pode contar com nenhum recurso Federal, pois deveria acertar a dívida com a Uniao da ponte que recebeu verba, e não foi terminada. Somente agora, em 2007 o município conseguiu quitar parte da dívida, e pode novamente reivindicar recursos. Podiamos comemorar a isso tambem:
esse ato é de responsabilidade coletiva, todos os participantes foram fundamental para a festa dar certo, inclusive o pessoal q participava do forum estadual da performance, e gentilmente compareceram com seus corpos e espíritos para completar a intervenção




quarta-feira, 21 de novembro de 2007
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
este nao é um edificio para ser implantado


segue o trecho de um e-mail meu para o claudio amaral (orientador)... discutimos no ultimo atendimento uma proposta de ocupar, de intervir fisicamente em alguns vazios da cidade (da minha vizinhança, onde sou mais habituado), e ele me questionou pois a ocupação nao aparecia o blog:
a revista nada mais é que uma versão impressa da minha pesquisa e discussão. o edifício, nada mais é que uma versão tridimensional da minha pesquisa, discussao e sentimentos.
o espaço externo do edifício é o momento da prática, é um imenso atelie onde as pessoas possam levar seus produtos para casa e ocupar os vazios vizinhos... se o edificio está para a revista (e vice-versa), o espaço externo (os platos e os muros soltos) está para a cidade, pois qualquer espaço pode ser apropriado para a confecção desse mobiliario urbano q é atuante e que ocupa os vazios.
o edificio é a metafora do conhecimento, do discurso, da historia... o jardim é o espaço da cidade e da atuação. espaço onde o conhecimento é prático, e é divertido... onde as pessoas sao nao-tecnicos, e podem ensinar e aprender uns cons os outros... voltar e fazer novos objetos, se aprimorar, e ocupar a cidade.
entre o edificio e o jardim, sobra uma parede cega, e a topografia forma o espaço de um anfiteatro natural... esse espaço está destinado para cinema ao ar livre, apresentações de musica, debatedores e afins.... entre o edificio e o jardim (entre o academicismo e a cidade), há um espaço fluído para ser ocupado, com arte, beleza e debate.... esse espaço só acontece, se o edificio entrar no jardim, e o jardim no edificio, é o espaço da troca pode fortalecer um e outro, mas um e outro tem que se cruzar, mesclar, mutar...
nada disso antecedeu o projeto, racionalmente... as suas questoes me fizeram verbaliar um processo que foi completamente subjetivo.... foi isso o q senti, foi isso q virou projeto... espero conseguir organizar isso de forma clara para as midias q deve expor meu trabalho, o "livro" do protocolo, e a apresentação na banca...
domingo, 18 de novembro de 2007
novo projeto


enfim... o projeto final
o memorial ainda se mantem, mas com outro nome, e uma ironia menos exarcebada.. o espaço acontece em dois momentos: o edificio é extremamente sensorial, conta a historia, e é atulizado constantemente com dados do espaço urbano da cidade. As sensações serão trabalhadas basicamente com altura do pé-direito, luz mto baixa.
O material exposto é quase todo projetado, com data show nas paredes, e nos "cones" de concreto (estou buscando ainda um material mais bio-degradavel)...
No lado externo, entre os muros de concreto, os visitantes aprendem e ensinam a confeccionar peças de mobiliario urbano para ser levado para casa e ocupar os terrenos vazios adjacentes.
A escala do projeto é o Bairro... portanto, grandes vias de acesso sao descartadas. Os visitantes chegam a pé, ou em onibus especiais que fazem o trajeto gratuitamente nos fins-de-semana, ligando o bairro ao parque, onde esta o prédio. Possivel nome: CASA DA CIDADE INCOMPLETA.


na ultima imagem, um esquema rápido para entender a implantação em relação aos bairros vizinhos:

Revista Vazios, um momento entre projetos
Resumindo, o meu projeto visa externar os dados que descobri. o Memorial nada mais é que um ponto de difusao da historia dos vazios para a sociedade, e uma busca por açoes de melhora ao espaço urbano.
Decidi entao, levar ao formato de texto do TFG o que estou buscando no edificio. Uma revista, que possa ser publicada e distribuida, ou vendida à sociedade de bauru... evocando a Historia desses vazios, e incitando a ocupação de qualquer lote nao utilizado para uso coletivo, na escala do bairro. a duvida ficou entre uma linguagem mais academica (e cult), ou popular.


a partir desta revista, estou focando realizar além do projeto arquitetonico, pelo menos uma intervenção física em vazios urbanos próximos do meu cotidiano. O que na versao cult seria "intervençao", na popular vira um "ideia pratica e barata para transformar um terreno baldio em área de lazer de qualidade para os vizinhos".
primeira intençao preojetual (cont.): memorial dos loteadores
vale resaltar que meus orientadores seguem uma linha de pesquisa onde a subjetividade e a intuição são buscadas em contraponto ao processo racional de análise e sintese.




primeira intenção projetual

depois de muita pesquisa, nada me motivava a projetar... é triste o quadro, e nao há perspectivas de melhora.

porém, era preciso entender a etapa que estou, o TFG. Ouvindo meus orientadores que me alertavam para nao ficar depressivo pesquisando os fatos ja relatados, resolvi reunir todas as angustias enfrentadas ao longo do ano eu um projeto arquitetonico, a princípio sem saber onde nem para que ele serviria.

Assim, nasceu o memorial dos Loteadores. Uma proposta ironica, um espaço de divulgação a sociedade dos fatos que marcaram bauru e foram fundamentais para chegar a situação negativa que se encontra hoje:
o processo, partiu dos graficos, e de mais leituras macro para gerar um edificio.
alguns pontos historicos

nesse momento do TFG, muitas coisas estava melhor esclarecidas para mim... a atual sensação de uma cidade incompleta, estagnada, foi esclarecida em partes entendendo melhor seu processo de urbanização, desregrado, e diretamente ligado à exploração do merado imbiliário.

Vale ressaltar que em meados da década de 90, a privatização das linhas ferroviárias (principal fator de desenvolvimento na história do municipio) reduziu um contigente de 4.000 trabalhadores para apenas 800. Na mesma época, a privatização da companhia de energia elétrica, não só reduziu seu quadro de empregados, como deslocou os restantes para a nova sede (agora da CPFL), em Campinas.

Agora, além do PASSIVO de urbanização, fruto da Cidade Sem Limites, temos uma prefeitura individada, e com sua principal atividade econômica desestruturada.
Imagens:
foto 1: "monumento" comemorativo de 100 anos da cidade (o insignificante canteiro da praça em frente a estaçao), usa como símbolo o anfiteatro "Vitória Regia" (único parque urbano da cidade), em frente ao monumento mais importante da história de Bauru, a estação ferroviária, ambos completamente depredados.
foto 2: mato chega a cobrir vagões nos trilhos da ferrovia, situação que durou seis meses até apararem o mato (2007). ano que vem tem de novo.
foto 3: viaduto inacabado, sobre vagões que ainda circulam na linha férrea.
*todo o material deste blog pode e deve ser reproduzido, em qualquer midia ou coisa que o valha, seguindo os principios da Creative Common License.
Bauru, Cidade sem Limites
Movidos pela imagem do Progresso, os proprietários lotevam terrenos distantes sem prover qualquer infra-estrutura (pavimento, aguas e esgoto ou rede elétrica), que ficavam a cargo da prefeitura. O movimento era simples: esperar a prefeitura levar a infra-estrutura valorizava as terras não ocupadas entre Bairro e Centro, que muitas vezes eram do mesmo loteador.
A prefeitura, é claro, não conseguia acompanhar este movimento. Somente em 1979, a Lei Federal 6766 passou a exigir o mínimo para aprovação de loteamentos (porcentagens de área verde e área institucional). Na prática, demorou até meados dos anos 90 (100 anos de história) para que a prefeitura de Bauru conseguisse que os loteadores entregassem ruas asfaltadas, rede de água e esgoto, e postes para a rede elétrica em seus empreendimentos, para que estes fossem aprovados.
até aí, era tarde demais. A cidade já estava "crescida", fragmentada, e com um passivo que mesmo em 2007, ainda é de 350km de ruas sem asfalto, (a mesma distancia bauru - são paulo).
O interessante ao aproximar esses bairros, foi descobrir que não só não havia asfalto, como muitos continuam com taxas de ocupação em volta de 50%, ou seja, não só as ruas são de terra, mas os lotes também.

imagem de um bairro dos muitos sem asfalto.. onde a não só as ruas nao terminaram o processo de urbanização, como as quadras tb nao foram ocupadas... o bairro em questão é o Sta. Edwirges, e foi loteado na década de 1950.

os bairros na mesma condição, isolados a partir das imagens do Google Earth. as fotos sao de 2005.

os bairros de terra, e os fundos de vale... são poucas as ligações bairro centro, dificultada pelos fundos de vale, e menos ainda bairro-bairro.

os "bairros de terra" em relação a malha urbana


as duas ultimas imagens: um comparativo gráfico entre a área dos bairros "de terra" e dos demais bairros.